Infelizmente, mais um título para lamentar. Um levantamento recém-divulgado pela organização internacional WWF revela que o Brasil está entre os maiores geradores de resíduos plásticos do mundo, ficando atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. 5s1wp
Nosso país produz 11 toneladas de lixo plástico por ano e o que é pior, desse total, apenas 1,2% é reciclado – porcentagem bem abaixo da média global (que já é baixa), de 9%. O brasileiro gera cerca de 1 kg de resíduos plásticos por semana (!!!), uma das maiores médias do mundo.
Se comparado aos campeões desse “ranking internacional de sujismos”, até pode parecer que o Brasil não faz tão feio assim. Os americanos produzem o volume absurdo de 54 toneladas de dejetos plásticos anualmente, todavia, o índice de reciclagem é bem mais alto, a dos 34%.
Outro dado chocante apontado pelo relatório é que “mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular, sem qualquer tipo de tratamento, em lixões a céu aberto no país. Outros 7,7 milhões de toneladas são destinadas a aterros sanitários. E mais de 1 milhão de toneladas sequer são recolhidas pelos sistemas de coleta”.
O estudo Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização, elaborado pelo WWF, se baseou em dados do Banco Mundial e analisou os 15 países que geram mais lixo.
“Nosso método atual de produzir, usar e descartar o plástico está fundamentalmente falido. É um sistema sem responsabilidade, e atualmente opera de uma maneira que praticamente garante que volumes cada vez maiores de plástico vazem para a natureza”, denuncia Marco Lambertini, diretor-geral do WWF-Internacional.
Plástico: uma ameaça à vida no planeta 6a6nw
O objetivo da organização ao divulgar o relatório é pressionar governos a tomar uma posição mais firme sobre o problema. Entre os dias 11 e 15 de março, uma proposta será votada na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4), em Nairóbi, no Quênia.
Uma petição online , criada pelo WWF, já conseguiu até este momento, mais de 200 mil s (assine já! ). Em seu texto, ela pede que os líderes globais fechem um acordo que estabeleça metas rigorosaspara a redução da poluição em cada estado membro da ONU e que todos os países criem planos de ação nacionais para atingi-las..
“É hora de mudar a maneira como enxergamos o problema: há um vazamento enorme de plástico que polui a natureza e ameaça a vida. O próximo o para que haja soluções concretas é trabalharmos juntos por meio de marcos legais que convoquem à ação os responsáveis pelo lixo gerado. Só assim haverá mudanças urgentes na cadeia de produção de tudo o que consumimos”, afirma Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.
Além de alertar sobre o problema, o relatório da entidade também enumera uma série de sugestões, que seguem abaixo:
Cada produtor ser responsável pela sua produção de plástico – O valor de mercado do plástico virgem não é real pois não quantifica os prejuízos causados ao meio ambiente e também não considera os investimentos em reúso ou reciclagem. É necessário haver mecanismos para garantir que o preço do plástico virgem reflita seu impacto negativo na natureza e para a sociedade, o que incentivaria o emprego de materiais alternativos e reutilizados.
Zero vazamento de plástico nos oceanos – O custo da reciclagem é afetado pela falta de coleta e por fatores como lixo não confiável, ou seja, misturado ou contaminado. As taxas de coleta serão maiores se a responsabilidade pelo descarte correto for colocada em empresas produtoras dos produtos de plástico e não apenas no consumidor final, uma vez que serão encorajadas a buscar materiais mais limpos desde seu design até o descarte.
Reúso e reciclagem serem base para o uso de plástico – A reciclagem é mais rentável quando o produto pode ser reaproveitado no mercado secundário. Ou seja, o sucesso desse processo depende de que valor esse plástico é negociado e seu volume (que permita atender demandas industriais). Preço, em grande parte, depende de qualidade do material, e essa qualidade pode ser garantida quando há poucas impurezas no plástico, e quando ele é uniforme – em geral, oriundo de uma mesma fonte. Um sistema de separação que envolva as empresas produtoras do plástico ajuda a viabilizar esta uniformidade e volume, ampliando a chance de reúso.
Substituir o uso de plástico virgem por materiais reciclados. Produtos de plástico oriundo de uma única fonte e com poucos aditivos reduzem os custos de gerenciamento desses rejeitos e melhoram a qualidade do plástico para uso secundário. Por isso o design e o material de um produto são essenciais para diminuir esse impacto, e cabe às empresas a responsabilidade por soluções
Imagens : Leopoldo Silva/Agência Senado/Creative Commons/Flickr e demais divulgação WWF-Brasil