Keslon Borges (@borgeskeslon) | Artigo 4x229
Na pecuária moderna, a busca por eficiência produtiva é indiscutivelmente essencial. Contudo, por mais que um pecuarista alcance indicadores zootécnicos expressivos e controle rígido dos custos de produção, os resultados financeiros da atividade ainda podem ser profundamente comprometidos por fatores externos, como volatilidade de mercado, clima e demanda internacional. É nesse cenário que a gestão precisa estar sincronizada com a comercialização, utilizando ferramentas de hedge para proteger margens.
Gestão de Alta Performance Não Garante Lucro Sozinha
A istração técnica da fazenda — com indicadores de ganho de peso diário, conversão alimentar, eficiência reprodutiva e custo por arroba produzida — representa o alicerce da rentabilidade. Entretanto, se o pecuarista deixar para vender sua produção em momentos de baixa no mercado, todo o esforço dentro da porteira poderá não se converter em lucro. Um negócio rural de sucesso exige integração entre gestão produtiva e comercialização estratégica.
Ferramentas de Hedge: Proteção Contra Surpresas de Mercado
O uso de ferramentas como contratos futuros, opções (PUT, CALL), operações estruturadas como COLLAR e put spread são essenciais para garantir a previsibilidade da receita e proteger a margem da atividade. Essas ferramentas permitem ao produtor fixar um preço mínimo de venda, independente da oscilação do mercado no momento da comercialização. Incluir um custo médio de R$ 4,00 a R$ 6,00/@ no orçamento para hedge é uma estratégia inteligente para garantir sustentabilidade financeira.
Cenários Históricos de Perdas sem Proteção
Nos últimos 10 anos, o mercado do boi gordo enfrentou oscilações significativas que impactaram diretamente o caixa do pecuarista. Alguns exemplos relevantes incluem:
• Em 2017, a operação Carne Fraca derrubou a arroba de R$ 145 para R$ 120 em questão de semanas.
• Em 2020, no início da pandemia, a arroba caiu de R$ 205 para R$ 180 em poucas semanas, antes da forte alta posterior.
• Em 2023, a suspensão temporária das exportações para a China devido a um caso atípico de vaca louca reduziu os preços em até 15% em algumas praças.
Em todos esses cenários, pecuaristas que estavam protegidos com hedge mantiveram suas margens, enquanto os demais amargaram prejuízos expressivos.
Conclusão
A verdadeira segurança financeira na pecuária não está apenas em produzir bem, mas em vender com inteligência. É a sincronia entre a gestão e a comercialização, por meio do uso de ferramentas de proteção de preços, que garante a resiliência do negócio rural frente à volatilidade do mercado. O produtor que entende isso deixa de operar com emoção e a a atuar com estratégia, protegendo seu patrimônio e garantindo a continuidade da atividade com rentabilidade.
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