A mpox, doença viral que ganhou notoriedade em 2022, voltou a causar preocupação global após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar, novamente, emergência de saúde pública internacional. A nova cepa do vírus, conhecida como Clado 1b, tem preocupado especialistas por sua maior gravidade em comparação à versão anterior, o Clado 2b, que foi a principal responsável pela disseminação global no ano anterior. 6kj2
A mpox, também conhecida como varíola dos macacos, é uma doença que se manifesta entre 3 a 21 dias após a infecção inicial. Durante esse período de incubação, os pacientes podem experimentar sintomas semelhantes a uma infecção viral comum, como febre, aumento dos linfonodos e dores corporais generalizadas. Contudo, o sinal mais distintivo da mpox são as lesões cutâneas, que aparecem até uma semana após os primeiros sintomas. Essas lesões, que frequentemente se assemelham a bolhas, podem ser extremamente dolorosas e podem durar até quatro semanas, especialmente em áreas sensíveis do corpo, como as genitálias.
Rob Short, um paciente americano de 29 anos, descreveu a dor intensa das lesões em uma entrevista à NBC: “É a coisa mais dolorosa que você vai ter em sua vida, a ponto de eu quase desmaiar.” Este relato enfatiza a severidade dos sintomas da mpox, especialmente quando há contágio sexual, resultando em lesões nas áreas genitais.
Os relatos de pacientes que enfrentaram a mpox destacam o nível de dor e desconforto associados à doença. Mark Hall, um enfermeiro de 41 anos de Nova York, compartilhou sua experiência, afirmando que uma lesão na uretra o fez temer o simples ato de urinar: “Parece que mil facas em chamas estão tentando sair da minha uretra ao mesmo tempo.” Essa descrição visceral ilustra a intensidade da dor causada pelas lesões da mpox.
Outro paciente, Gerald Febles, também de Nova York, sofreu com lesões na boca e nas gengivas, além de dores corporais generalizadas. Ele descreveu sua experiência com a doença como sendo “inável”, ressaltando que “todas as articulações do meu corpo doem”. Esses testemunhos são uma amostra do sofrimento que a mpox pode infligir, especialmente em seus casos mais graves.
No Brasil, o vírus da mpox continua a circular, com cerca de 700 casos registrados somente neste ano. Doug Mello, DJ brasileiro que foi um dos primeiros infectados em 2022, compartilhou seu doloroso relato ao GLOBO: “Minhas erupções, quando estão com as bolhas, doem muito por si só. A dor é tanta, que eu não conseguia levantar o braço para colocar uma camiseta, para se ter uma ideia.” Ele descreveu a sensação das lesões como queimaduras, uma dor que, segundo ele, parecia estar “queimando em diversas partes” do corpo.
Embora o Clado 2b, versão mais branda do vírus, tenha uma taxa de letalidade significativamente menor em comparação à nova cepa Clado 1b, a mpox continua a ser uma doença debilitante. Além das lesões na pele, o vírus também pode causar complicações graves, principalmente em indivíduos com o sistema imunológico comprometido.
Os sintomas da mpox variam de leves a graves, dependendo de fatores como a cepa viral e a saúde pré-existente do paciente. Além das lesões cutâneas, outros sintomas comuns incluem febre alta, dores de cabeça intensas, fadiga e aumento dos linfonodos. A disseminação da mpox ocorre principalmente por meio do contato próximo com lesões infectadas ou fluidos corporais contaminados.
Ainda não há uma vacina amplamente disponível para o Clado 1b, mas medidas preventivas, como evitar contato direto com indivíduos infectados e manter uma boa higiene pessoal, são essenciais para conter a propagação da doença.
Diante da reemergência da mpox e de suas novas cepas, surge a questão: estamos realmente preparados para lidar com outra pandemia? Apesar dos avanços na detecção e no tratamento, o surgimento de novas variantes virais continua a desafiar os sistemas de saúde ao redor do mundo. As lições aprendidas com a pandemia de Covid-19 precisam ser aplicadas de maneira eficaz, com o fortalecimento das campanhas de vacinação, monitoramento epidemiológico e conscientização pública sobre as formas de prevenção de doenças emergentes.
A mpox, com seu impacto doloroso e potencial de disseminação global, lembra-nos da importância de mantermos vigilantes e preparados para enfrentar crises sanitárias.
Fonte O Globo