Notícias do Tocantins - A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã de terça-feira (18)/03, uma nova fase da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de vazamento de decisões judiciais do Superior Tribunal de Justiça (STJ). 76r4o
A ação resultou na prisão preventiva do assessor jurídico do MPTO, Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, advogado e sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, além de buscas na residência do procurador de Justiça Ricardo Vicente da Silva.
Acompanhe a seguir o que se sabe da operação da Polícia Federal:
Alvos da operação
A operação investiga crimes de obstrução de justiça, violação do sigilo funcional, corrupção ativa e iva. Segundo a PF, Thiago Barbosa atuava como intermediário para rear informações sigilosas sobre operações que tramitavam no STJ, com a possível anuência do procurador Ricardo Vicente. Entre os casos citados estão a Operação Máximus e a Operação Fames-19.
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os mandados foram executados na sede do Ministério Público do Tocantins (MPTO) e nos endereços dos investigados. Além disso, Thiago Barbosa e o procurador Ricardo Vicente tiveram seus aportes apreendidos e estão proibidos de manter contato entre si ou com outros investigados.
Leia também:
Conversas interceptadas
As conversas interceptadas pela Polícia Federal são o elemento central da investigação e revelam detalhes sobre o suposto esquema de vazamento de informações sigilosas. Os diálogos, obtidos por meio de escutas telefônicas e análise de mensagens trocadas via WhatsApp, mostram como Thiago Barbosa teria atuado como intermediário para rear dados confidenciais de processos judiciais.
Ree de informações ao governador
Um dos trechos mais reveladores das conversas interceptadas envolve Thiago Barbosa e o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Em uma mensagem, Thiago afirma ter tido o completo ao inquérito da Operação Fames-19, que investiga a compra de cestas básicas pelo governo do Tocantins. Ele detalha que reou as informações ao tio por meio de um pen drive:
"Esse Inquérito, esse [...] que eu havia dito pra o senhor, ele [sic] tava em segredo de justiça no STJ com Campbel e eu consegui o o a ele total, inclusive ei, botei no pen drive, ei pra tio Wanderley, falei pra ele: o que é que [tava] acontecendo, tinha umas fotos lá no infograma [...]".
Essa conversa, datada de 28 de junho de 2024, foi um dos principais elementos que levaram à prisão de Thiago. A defesa do governador, no entanto, argumenta que ele já tinha o legal ao processo desde 15 de abril de 2024, quase três meses antes da interceptação.
Outro diálogo envolve Thiago e o desembargador Helvécio de Brito Maia Neto, afastado do cargo em agosto de 2024. Thiago teria procurado o desembargador para alertá-lo sobre uma investigação em curso contra ele. Nas mensagens, Thiago diz:
"Desembargador, foi o seguinte, eu até avisei ao Dr. Ricardo, uns dias atrás, já deve ter uns 2 dias eu acredito, é porque a gente tem alguns companheiros nossos em Brasília, que eles ficam aí 24 horas monitorando, e aí tendo o aí sempre às informações, e as informações que eu tinha, e que corria o inquérito que inclusive investigava alguns desembargadores aqui do Tocantins, e assim, como havia essa investigação, inclusive tá com o Ministro [...], e por sua vez havia uma investigação em curso contra o senhor, o pessoal até vai me ar o material que eu fiquei interessado. Interessado não no interesse de saber não, no interesse de te avisar".
Essas conversas foram encontradas no celular do desembargador, apreendido durante a Operação Máximus, que investiga a suposta venda de sentenças no Judiciário do Tocantins.
Prisão de Goianyr Barbosa
O jornalista e ex-prefeito de Almas, Goianyr Barbosa, que é pai de Thiago e cunhado do governador do Tocantins, foi preso após a PF encontrar uma mochila com R$ 22,5 mil em sua casa. Segundo a defesa, Goianyr teria jogado o dinheiro pela varanda ao ouvir o arrombamento da porta, acreditando ser um assalto.
A defesa destacou ainda que a legislação brasileira não estabelece um limite para o valor que uma pessoa pode guardar em casa e que a normativa da Receita Federal exige a declaração de quantias a partir de R$ 30 mil apenas no exercício do ano seguinte. A defesa afirmou que "vai lutar veementemente para conseguir a liberdade do senhor Goianyr".
Leia também:
O que dizem os citados
Ministério Público do Tocantins (MPTO)
O MPTO emitiu uma nota informando que adotou todas as medidas necessárias para atender às determinações do STF. A instituição reforçou seu compromisso com a legalidade e a transparência e afirmou que o servidor citado nas investigações foi exonerado do cargo.
Defesa do governador Wanderlei Barbosa
A defesa do governador Wanderlei Barbosa destacou que ele não é alvo da operação e que teve o regular ao inquérito da Operação Fames-19 desde 15 de abril de 2024, por meio de trâmites legais.
A defesa ressaltou que a conversa mencionada na investigação, datada de 28 de junho de 2024, ocorreu quase três meses após o governador já ter o ao processo. Além disso, afirmou que Thiago e Goianyr não possuem vínculo com o governo do Tocantins.
Defesa do procurador Ricardo Vicente
A defesa do procurador Ricardo Vicente da Silva informou que não vai se manifestar sobre o caso, pois ainda não teve o ao inquérito.
Defesa do desembargador Helvécio de Brito
A defesa do desembargador Helvécio de Brito também optou por não se manifestar sobre as acusações.