População é uma palavra de peso. Em novembro de 2022, a ONU celebrou os 8 bilhões de habitantes na Terra. Mas esse número é apenas uma estimativa. Um estudo recente na Nature sugere que subestimamos a população em centenas de milhões — ou até bilhões. Podemos confiar nesses dados? 493l5z
A dúvida não é nova. Jakub Bijak, demógrafo, disse à BBC: “Calcular o número de pessoas no planeta é uma ciência inexata.” Desde 1950, usamos tendências e registros nacionais. Agora, novas evidências mostram falhas, especialmente nas áreas rurais.
Imagine contar pessoas numa sala escura com uma lanterna fraca. É assim que os demógrafos têm trabalhado, segundo a Nature. Josias Láng-Ritter, pesquisador, afirma: “Pela primeira vez, nosso estudo fornece evidências de que uma parte significativa da população rural pode estar ausente dos conjuntos de dados populacionais globais.”
A subestimação varia de 53% a 84%. Pesquisadores da Universidade Aalto compararam cinco bancos de dados globais. Usaram como referência os reassentamentos de 300 projetos de barragens rurais em 35 países, entre 1975 e 2010. Esses registros são precisos, mas os mapas de 2010 ainda omitiam 32% a 77% da população rural.
Hoje, 43% dos 8,2 bilhões de habitantes vivem em áreas rurais — cerca de 3,526 bilhões. Se há um erro de 53%, 1,869 bilhão de pessoas estão fora das contas. No pior caso, com 84%, são 2,962 bilhões. Isso é mais que um erro; é uma falha sistêmica.
“Dependendo do conjunto de dados analisado, as populações rurais foram subestimadas entre 53% e 84% ao longo do período estudado”, diz Láng-Ritter. No Paraguai, por exemplo, um quarto da população pode ter ficado fora do censo de 2012.
Contar a população mundial é complexo. Muitos governos não têm recursos para mapear áreas rurais remotas. Toshiko Kanera, especialista, explica: “É algo difícil de fazer, mesmo com base na nossa experiência, conhecimento e todas as informações às quais temos o.” Crises e falta de tecnologia pioram o cenário.
A Finlândia se destaca: há 30 anos usa registros digitais. Já em outros países, as discrepâncias são enormes. Mesmo os dados atualizados de 2015 a 2020 ainda subestimam.
Referência: BBC